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Criou-se a falsa ideia de que as manifestações públicas da fé e da religiosidade podem ser ofensivas.
Criou-se a falsa ideia de que as manifestações públicas da fé e da religiosidade podem ser ofensivas.| Foto: Divulgação/Arquidiocese de Curitiba

O que se verá hoje e amanhã na maioria das famílias brasileiras é um clima de festa. Mesmo diante das dificuldades enfrentadas durante todo o ano – e não foram poucas –, a população encontra nesses dias uma pausa merecida, com o reencontro familiar, mesas fartas e troca de presentes. Nas ruas, espetáculos e decorações esmeradas também ajudam a dar o tom festivo, deixando claro que não se trata de uma data qualquer. Ainda assim, talvez o mais importante passe despercebido.

Embora vivamos em uma sociedade cujas bases estão solidamente colocadas sobre os princípios e valores cristãos, as imposições do politicamente correto têm empurrado o sentido da festa de Natal para segundo plano. Supostamente para não ofender aqueles que não professam o cristianismo, adotando outras religiões ou mesmo que optam pelo ateísmo, escolas, instituições, órgãos públicos, shoppings, estabelecimentos comerciais e mesmo meios de comunicação, simplesmente escondem o que deveria ser a figura central do Natal.

No afã de não ofender os outros, criou-se a falsa ideia de que as manifestações públicas da fé e da religiosidade podem ser ofensivas.

Independentemente da fé pessoal que se tenha – e é importante frisar que vivemos em uma sociedade que defende e protege a liberdade religiosa, então todas as religiões e crenças devem ser respeitadas – o simbolismo do Natal é bem específico e não deveria ser maquiado apenas para agradar determinados grupos. Por isso, iniciativas que busquem ir contra essa corrente que tenta promover uma “laicização forçada” da sociedade são bem-vindas.

Em um vídeo publicado há alguns anos, a agora primeira ministra italiana, Giorgia Meloni, aparece montando um presépio, tradicional representação do nascimento de Jesus, acompanhado de Maria e José, seus pais. Ela explica que até então montava árvores de Natal – um símbolo natalino muito mais bem aceito – mas que a partir de então faria o presépio, porque “ninguém mais faz”, diz ela no vídeo.

A política italiana questiona como a figura de um menino nascido numa manjedoura, que faz parte da cultura de boa parte do mundo, pode ser considerada ofensiva para algumas pessoas. Ela lembra que o simbolismo do presépio resume praticamente todos os valores das sociedades ocidentais, como a sacralidade da vida, a solidariedade entre as pessoas e povos, o valor da família, e mesmo a importância da separação entre a religião e o Estado. “Como uma família que foge para proteger esse menino pode te ofender? Como minha cultura pode ofender você?”, diz ela.

De fato, no afã de não ofender os outros, criou-se a falsa ideia de que as manifestações públicas da fé e da religiosidade podem ser ofensivas, quando, na verdade, deveriam ser vistas como um aspecto extraordinariamente rico da cultura de um povo e que, por isso, devem ser incentivadas e respeitadas. Chega ser absurdo que alguém possa se sentir ofendido diante de uma pessoa – seja um cristão, um muçulmano, budista ou qualquer outro –, que se coloca em oração ou contemplação diante de seus símbolos de fé.

Uma sociedade não deveria ter medo de reconhecer suas bases. Os valores e simbolismos que fazem a civilização ocidental ser o que é não podem ser silenciados. E nesse sentido, a família se mostra vital. Se o ambiente externo é hostil à manifestação de valores como defesa da vida e da família, solidariedade, humildade e fé, bem representados no simbolismo do presépio natalino, é no seio familiar que podemos cultivá-los e compartilhá-los. Mesmo que pareça algo singelo, trata-se de um gesto imenso. É fazer uma “revolução do presépio”, como convida Giorgia Meloni.

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