Sexta, 26 Abril 2024

Encontros de Povos de Terreiro combatem intolerância religiosa

encontros_terreiros_muqui_divulgacao Divulgação

Quatro terreiros da região Sul do Espírito Santo participam da primeira edição dos Encontros de Povos de Terreiro, que ocorre de maneira itinerante no mês de janeiro. As atividades buscam combater a intolerância religiosa por meio de encontros com oficinas, rodas de conversa, apresentações artísticas e também da entrega de modelos de projetos de lei sobre o tema a vereadores e membros do executivo local. A primeira ação ocorreu no último sábado (7) no Ilé Axé Alaketu Ayra e Osum, em Muqui. Nos próximos sábados, o evento passará por outros três municípios do sul do Estado: Marataízes, Guaçuí e Cachoeiro de Itapemirim, sempre com atividades gratuitas e abertas ao público.

Primeiro encontro do projeto ocorreu em Muqui. Foto: Divulgação

A iniciativa surge da parceria entre o produtor cultural Guilherme Nascimento, coordenador da Casa Roxa Cultura, e o ativista de direitos humanos Geovane Roberto, do Ilê Axè Opo Elemesò, que foi um dos responsáveis do projeto de lei de combate à intolerância religiosa aprovado em Cachoeiro de Itapemirim. "Queremos desmistificar o olhar preconceituoso que a sociedade ainda tem em relação a religiões de matriz africana. Um dos objetivos é envolver as comunidades em torno dos barracões para conhecer os terreiros, para as comunidades abraçarem mais essas religiões que estão presentes dentro dos bairros", explica Guilherme Nascimento.

Ele reclama da falta de políticas públicas na maioria dos municípios, que acredita que contribui para o crescimento da intolerância religiosa, do preconceito e da violência contra pessoas e locais que praticam as religiões de matriz africana. Considera que faltam não só leis, mas também profissionais no serviço público qualificados para lidar com a diversidade religiosa e suas especificidades, especialmente em áreas como saúde, educação e assistência social.

A entrega às autoridades de modelos de projetos de lei sobre diversidade religiosa e questões étnico-raciais, inspirados em iniciativas do município de Cachoeiro de Itapemirim, pretendem contribuir nesse sentido. "É preciso que cada município tenha um comitê, um conselho, um departamento, alguma instância que possa olhar para essas questões", acredita o produtor cultural.

Rodas de conversa e atividades culturais fazem parte da programação. Foto: Divulgação

Os Encontros de Povos de Terreiro também promovem rodas de conversa sobre leis de incentivo, políticas públicas, empreendedorismo e captação de recursos. O próprio projeto está sendo realizado com recursos do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), acessados via edital, contando também com apoio complementar de empresas privadas. A meta dos organizadores é que futuramente o projeto possa se expandir para outros municípios e regiões do Espírito Santo.

No primeiro encontro, outro dos temas abordados foram as folhas e comidas sagradas dos terreiros. Além disso, em cada edição ocorre o lançamento do livro Amadé Ayé, de autoria de Guilherme Nascimento, que traz doze contos relacionados com os Orixás mais cultuados no Espírito Santo, além de um alfabeto e vocabulários iorubá. A obra tem ilustrações de Endily da Silva, de 14 anos, moradora da comunidade quilombola de Graúna, em Itapemirim. "É um instrumento pedagógico de diversidade religiosa", afirma o autor. Unidades da obra são doadas para os centros religiosos visitados e bibliotecas públicas.

As atividades estão sendo realizadas sempre aos sábados, de 9h às 13h, nas datas e locais abaixo:

? 14 de janeiro - Império de Cobra Coral - Sacerdote Adriano de Xangô – Marataízes

? 21 de janeiro - Ílé Axé Alaketu Oba Raê - Babá Ronaldo de Ayra - Guaçuí

? 28 de janeiro - Ílé Axé Opo Elemeso - Babá Daniel de Osògyían – Cachoeiro de Itapemirim

Mais informações podem ser encontradas no Instagram da Casa Roxa.

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