Racismo religioso é tema de ebook lançado por ONGs
O livro “Racismo Religioso: novas lentes às violações relacionadas à crescente tensão entre liberdade religiosa e liberdade de expressão e crença” é uma iniciativa que aborda o racismo contra as religiões de matriz afro-brasileira. Criado a partir da colaboração entre as organizações Criola, Conectas, Portal Catarinas, com apoio da Synergia, tem o objetivo de promover debates e conscientização sobre esse tema
Por Redação,
O livro “Racismo Religioso: novas lentes às violações relacionadas à crescente tensão entre liberdade religiosa e liberdade de expressão e crença” aborda o histórico e estrutural racismo contra as religiões de matriz afro-brasileira, destacando a falta de plena liberdade religiosa para os povos de terreiro.
Considerando a importância dos movimentos negros, mulheres negras e LGBTQIA+ desenvolverem estratégias conjuntas para combater essa forma de discriminação, o ebook foi elaborado por uma parceria entre as organizações Criola, Conectas e Portal Catarinas, com apoio da Synergia. Para acessá-lo, clique aqui.
Como resposta a essa urgência, as organizações realizaram o o ciclo de debates “Diálogos sobre racismo religioso” em 2022, uma iniciativa de alcance nacional para discutir os impactos do preconceito nas comunidades afro-brasileiras, povos indígenas e outros grupos afetados. O objetivo principal era identificar as lacunas no debate político sobre liberdade religiosa e racismo religioso, considerando as interseções de gênero, identidade de gênero e territorialidade, entre outras dimensões de opressão.
Os quatro encontros online ocorreram ao longo de 2022 e foram transmitidos ao vivo no canal do YouTube do Portal Catarinas e de Criola, posteriormente disponibilizados para acesso. Na oportunidde, líderes políticos, intelectuais e religiosos relevantes compartilharam suas experiências e perspectivas sobre o papel das religiões de matriz afro-indígena nos direitos humanos, liberdade religiosa, expressão e manifestação de crença, sistemas de justiça e estratégias de combate à violência contra terreiros no Brasil e na América Latina.
Os debates foram organizados em torno de quatro temas centrais: o papel da religião no debate de direitos humanos e na luta contra a violência às religiões de matriz africana; o papel do Direito na ausência de justiça e garantia de liberdade religiosa; as possibilidades de justiça diante dos ataques do fundamentalismo religioso e do discurso de ódio; as diferentes expressões do racismo religioso e suas estratégias de enfrentamento; e a importância da discussão sobre racismo religioso na intersecção com identidade de gênero e sexualidade, além dos desafios enfrentados pelas religiões de matriz africana no campo da educação para a diversidade e o reconhecimento cultural de sua fé e tradição.
O livro é dividido em quatro temas, por meio de perguntas centrais, que ajudaram na condução da discussão das lives, em ordem cronológica, a saber: Qual o papel da religião no debate de direitos humanos e no enfrentamento à violência contra religiões de matriz africana?; Qual o papel do Direito diante da ausência de justiça e garantia de liberdade de expressão e crença para as religiões de matriz africana?; Quais as possibilidades de justiça para quem sofre com ataques decorrentes do fundamentalismo religioso e do discurso de ódio crescentes no Estado Brasileiro?; Quais são as diferentes expressões do racismo religioso e suas respectivas estratégias de enfrentamento – no Brasil e na América Latina?; Quais elementos são importantes num debate sobre racismo religioso na intersecção com identidade de gênero e sexualidade no Brasil?; Quais são os principais desafios que as religiões de matriz africana enfrentam no campo da educação para a diversidade e o reconhecimento cultural de sua fé e tradição?
A publicação do livro e os debates realizados durante o ciclo contribuem para a conscientização sobre o racismo, promovendo um diálogo essencial para a garantia dos direitos humanos e a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda da ONU, especialmente aqueles relacionados à igualdade, diversidade e justiça.